Cuidados ao dar calmantes ou tranquilizantes aos animais

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Muitas vezes alguns responsáveis por animais recorrem ao uso de tranquilizantes ou, até mesmo sedativos, seja para o animal se acalmar, para levá-lo ao veterinário ou em casos de viagens. Mas, o que poucos sabem é que o uso indevido pode trazer sérias consequências para os bichinhos.

De acordo com a neurologista veterinária, Natalia Zidan, assim como qualquer medicamento, calmantes e traquilizantes possuem efeitos colaterais deletéricos. “Dentre eles, podemos citar a possibilidade hipotensão, alterações no funcionamento dos rins, mudanças severas de comportamento e, inclusive, o óbito”, enfatiza.
Além disso, é importante saber que há diferenças entre calmantes e tranquilizantes. O primeiro, de acordo com a especialista, é sinônimo de sedativo e tem a capacidade de diminuir a atividade cerebral do animal quando ele está extremamente agitado. Já os tranquilizantes, ou ansiolíticos, são aqueles que ajudam a combater a ansiedade e a tensão, sem afetar tanto as funções psíquicas e motoras.
O anestesista veterinário, Rafael Reimann, complementa ressaltando que existem vários tipos de sedativos e tranquilizantes, como antialérgicos, antidepressivos, fenotiazídicos, benzoadiapepínicos e barbitúricos. Segundo ele, muitos desses medicamentos são comuns aos dos humanos, entretanto,  alerta: “Os animais podem até ingerir alguns medicamentos para humanos, mas há outros que não fazem efeito no organismo dos animais ou podem ter efeitos indesejáveis, como o animal ficar mais agitado do que o normal”, evidencia.
Ele acrescenta ainda que o responsável pelo animal pode identificar a necessidade do uso de tranquilizantes observando o quanto as manifestações de estresse causam desconforto ao animal. Já os sedativos são indicados, geralmente, em casos de viagens longas ou datas comemorativas barulhentas em que, com o uso de fogos de artifício, alguns animais entram em pânico. Porém, é importante lembrar que quem deve orientar o responsável sobre o uso indicado do medicamento é o médico veterinário. “O responsável nunca deve seguir a indicação de leigos para administrar qualquer medicamento em seu animal, assim como fazê-lo por conta própria”, adverte e acrescenta que os humanos têm grande influência sobre o comportamento dos animais, portanto, antes de medicar o animal, é importante levar esse fator em consideração.  “Assim como cada ser humano é diferente do outro e reage de maneiras distintas, os animais nascem com características diversas”, justifica.
Natalia Zidan, neurologista, também reforça que o calmante ou tranquilizante ideal somente deve ser escolhido após o animal ser avaliado minuciosamente. “Serão levadas em consideração a presença de doenças preexistentes, interações farmacológicas com outros medicamentos, espécie, raça e idade”, detalha.

Medicamentos homeopáticos também funcionam?

O uso de medicamentos homeopáticos é uma boa opção para tratar animais agitados, ansiosos, medrosos ou agressivos. As regras para a escolha são as mesmas que as dos medicamentos alopatas, aqueles que costumamos encontrar nas drogarias.  “O limiar da sedação e da excitação varia de acordo com a substância, a dosagem e a absorção por parte do animal. Também não é fácil escolher uma sustância para usar como tranquilizante. Temos que modalizar de acordo com os sinais, sintomas e perfil do paciente”, esclarece Roselene Costa, veterinária homeopata.

Ela explica que as substâncias utilizadas em medicamentos homeopáticos provêm dos reinos animal, mineral e vegetal, são ultra-diluídas e dinamizadas, o que não significa que não tenham efeitos sobre o organismo dos animais. “A Homeopatia é um método terapêutico que tem riscos e ações indesejáveis, assim como a Alopatia. Um grande medicamento, o qual chamamos de policresto, tem ação em quase todos os aparelhos, do digestivo ao sistema nervoso. Portanto, qualquer tratamento, se mal conduzido, pode trazer efeitos colaterais. Porém, na Homeopatia, estes efeitos são raros, transitórios e de fácil reversão”, ressalta.

Segundo a veterinária, a maior vantagem dos medicamentos homeopáticos está na individualização para o paciente. “A medicação vai agir no organismo como um todo, não em partes, equilibrando as funções orgânicas. A única desvantagem é o número de remédios disponíveis, em torno de dois mil, o que dificulta a escolha pela melhor indicação”, considera.

Roselene comenta ainda que muitos entendem a Homeopatia como uma espécie medicina alternativa, e que por isso, não traz efeitos significativos, enquanto, é uma especialidade médica e exige uma pós-graduação de dois anos, além de ter leis que a fundamentam por mais de 200 anos. “Vale ressaltar que Florais, cápsulas fitoterápicas, ervas e chás, como o de erva-cidreira e camomila não são medicamentos homeopáticos”, esclarece a médica veterinária.

Hora da viagem e da sedação: o que fazer?

Algo que o responsável deve ficar atento, antes de medicar o animal, é o tempo de ação do sedativo, que deve ser respeitado para que faça efeito e não estresse o bichinho. Por isso, tanto a viagem quanto a escolha do medicamento devem ser programadas com antecedência, para que não hajam surpresas desagradáveis. “O responsável nunca deve fazer uma viagem de carro com o animal sem antes acostumá-lo, aos poucos, com viagens mais curtas”, orienta o veterinário anestesista, Rafael Reimann. Também é importante evitar dias de calor e, se for verão, viajar em carro com ar-condicionado ligado, acresce.
Na hora de medicar o animal, o ideal é que a administração do sedativo seja determinada previamente pelo veterinário. Mas, em geral, táticas simples são indicadas e podem ajudar, como misturar o medicamento na comida ou em algum alimento que ele goste ou esteja habituado a comer.

De acordo com a neurologista Natalia Zidan, essas ações costumam funcionar desde que o responsável certifique-se de que o animal ingeriu todo o alimento com o medicamento. “Caso o responsável não consiga medicar o animal, o médico veterinário deve ser informado imediatamente e a viagem só deve prosseguir após a orientação profissional”, reforça a neurologista.

Reportagem de Maria Karolina, jornalista voluntária, colaboradora do Canal de Estimação.

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