Humanos projetam suas aflições e estressam seus animais, diz pesquisa

Para muitos, os animais de estimação, sejam eles gatos ou cachorros, são parte da família. Conhece essa história?

Principalmente nas grandes cidades, esses companheiros de quatro patas estão se tornando uma opção viável para combater a solidão entre as pessoas idosas, ou solteiros, que trabalham fora e até mesmo casais que talvez, não queiram tanto ter filhos.

De acordo com pesquisa feita pela empresa de marketing WGSN no ano passado, cada vez mais os tutores de pets buscam comida de melhor qualidade (como os biscoitos ou as rações orgânicas), acessórios, tratamentos médicos mais caros e trazem os bichinhos para dormir na cama com eles. Porém, quão longe um dono pode ir para “humanizar” o seu animal e por quê?

De acordo com Claudio Gerzovich, especialista em comportamento animal, existem diversas razões pelas quais humanizamos os nossos pets. Uma delas é que cada vez mais o ser humano está se distanciando dos seus pares, se isolando. E uma opção é descarregar toda a sua afeição nos animais de estimação. E, de modo geral, também por acreditar que se der tudo o que o pet quiser, ele será mais feliz e o amará ainda mais.

Mas, ainda segundo o especialista, o problema é que eles são animais – e não gente. Se nós os humanizamos, dando um tratamento inadequado, eles podem sofrer com problemas como, por exemplo, ansiedade, deixando os donos também ansiosos e causando problemas para quem está à sua volta.

Gerzovich lembra que cachorros são muito mais humanizados pelos donos que gatos. A razão para isso é que cães são mais socializáveis que os bichanos. Gatos são mais independentes e conseguem mais aceitação dos humanos pelo seu comportamento.

Os cães manifestam o seu comportamento ansioso pela falta de controle, seja latindo demais, quebrando objetos ou sendo agressivos, diz Gerzovich.

Mas afinal, o que é cuidar bem de um animal? A resposta é muito mais simples do que se imagina. É dar exatamente o que ele precisa: motivá-lo a fazer exercício físico, colocar regras claras e, claro, dar carinho. Tudo isso com equilíbrio.

O que acontece é que muitos tutores vão aos extremos e, em determinadas situações, dão muito, muito carinho e, em outras, cobram um comportamento quase que robotizado, ou melhor, uma disciplina quase que militar, dos cães. Precisamos aceitar que nosso animais não são bichinhos de pelúcia”, diz Gerzovich.

O especialista explica que nós acreditamos que sentimentos são uma exclusividade humana, mas isso não é uma verdade absoluta. Gerzovich defende que os animais têm sentimentos e por isso precisam de equilíbrio, e que há uma dificuldade dos humanos assimilarem isso.

Com ou sem sentimentos e emoções, veterinários e especialistas em comportamento animal concordam em defender que, seja pelas questões de saúde ou pelo bem-estar emocional dos nossos melhores amigos, animais devem ser tratados e têm o direito de levar a vida de animais. Além de desrespeitar a sua própria essência, fazer o animal usar roupas, sapatos, e acessórios, assim como encher os pets de quitutes, principalmente alimentos que não são específicos para as suas espécies, pode fazer muito mal à sua saúde física e também mental.

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