Leishmaniose: embora seja considerada grave, doença tem tratamento e não é transmitida entre cães

Dos casos de leishmaniose registrados na América Latina, cerca de 90% ocorrem no Brasil, segundo a OMS. Nos cães, a doença é infecciosa e considerada grave, transmitida através da picada do mosquito-palha — também conhecido como birigui, tatuquira, entre outros nomes —, que prefere locais quentes e com muita matéria orgânica. Mas é importante ressaltar três pontos-chave, logo de início: tem tratamento; não é transmitida de um cão para outro, nem deles para seres humanos; e não exige eutanásia do animal infectado.

“Desde 2016, há um medicamento destinado ao tratamento, e o Conselho Federal de Medicina Veterinária autoriza esse cuidado dos animais infectados mediante a notificação aos órgãos sanitários, além do comprometimento do tutor com o tratamento, visando controle para saúde pública. Por ser uma doença silenciosa que nem sempre apresenta sintomas, tutores devem se atentar a conhecer sobre ela e priorizar sua prevenção”, explica Juliana Reis, médica veterinária intensivista do Nouvet, centro veterinário de nível hospitalar em São Paulo.

A especialista detalha, ainda, que são dois tipos: a leishmaniose cutânea, que causa feridas na pele, e a visceral, sendo esta última a mais frequente em cães. Quando há sintomas na leishmaniose visceral, a pele é o órgão mais acometido devido ao primeiro contato com o mosquito. Pode ocorrer falta de pelo, principalmente ao redor dos olhos; ulceração de mucosas; aumento considerável das unhas e dermatites. Também pode haver sintomas gastrointestinais, lesão renal grave e anemia. Além dos cães e dos humanos que podem ser acometidos pela leishmaniose visceral, gatos também fazem parte do grupo de risco.

O diagnóstico pode ser feito por meio de amostras de sangue do cão, mas o método considerado “ouro” é o parasitológico, em que é colhido uma amostra de tecido onde foi detectado o parasito. Em seguida, para levar em frente o tratamento, que é longo e crônico, existem alguns tipos de medicações, mas a terapia utilizada fica a critério de cada médico e de cada caso. 

Entre as principais formas de prevenção contra a leishmaniose, aconselha-se o uso de repelentes tópicos e coleiras. Vale ressaltar que desde de 2023 a vacina contra leishmaniose foi suspensa do mercado devido a desvio de conformidade do produto, podendo ocasionar falha na eficácia da vacina. Cães imunossuprimidos, não vacinados e sem controle preventivo estão predispostos a contrair a leishmaniose visceral canina e requerem cuidados durante todo o tratamento, além de exames de controle para avaliar a remissão da doença. 

Para aqueles que vivem em regiões com alta presença dos mosquitos, é importante se atentar ao descarte correto de matéria orgânica e à proteção de portas e janelas com telas. O mosquito costuma se apresentar no final de tarde e ao anoitecer, assim, deve-se evitar passeios nesses períodos. 

Em algumas regiões do país, a doença é mais prevalente; por isso, é muito importante que os tutores estejam atentos ao viajar com seus pets. O ideal é que o tutor pesquise se a doença é comum no local de destino da viagem e intensifique ainda mais os métodos preventivos, utilizando coleiras e repelentes.

Para a veterinária do Nouvet, o segredo do ‘sucesso’ sobre a leishmaniose e tantas outras doenças é a prevenção. “Tanto médicos veterinários quanto tutores e sociedade no geral podem contribuir para a saúde pública instruindo uns aos outros sobre a importância de repelentes, vacinas e hábitos de higiene para prevenir doenças. Se não tratada da forma correta, a leishmaniose pode acarretar o óbito do animal, por isso, a atenção aos sinais precisam ser constantes e indispensáveis”, reforça Juliana.

Fonte: Assessoria de Imprensa

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