Quando criança uma das coisas que mais gostava de fazer era ir até a padaria ou acompanhar meus tios ou avô até a “vendinha” da esquina comprar pão ou alguma outra coisa que minha avó precisasse para preparar o almoço ou o nosso lanchinho. Eu adorava fazer isso por um motivo muito especial – nesses lugares era comum ter sempre um gatinho que morasse ali.
Geralmente ficavam na porta, como “os donos da casa”, sempre imponentes, lindos e exuberantes, como quem não quer nada, mas, no fundo, esperando um afago de quem entrava.
Eu era uma das que sempre sentava no chão, não apenas para acarinha-los, era preciso pegar no colo, cheirar e beijar. Para mim, só assim o carinho estaria completo. Nem sempre eles gostavam, mas, eu voltava para a casa feliz da vida!
Esse hábito de ter animais de estimação, sobretudo, gatos, nos estabelecimentos comerciais se dava, principalmente em lojas de materiais de construção, pequenos mercadinhos, para evitar a presença de ratos. Mas, acredito que esse costume esteja conquistando novos adeptos e não somente para evitar a presença de animais indesejados, mas, sim, pelo desejo da presença de animais de estimação no local de trabalho.
Certa vez, estava fazendo um curso e precisamos trocar o local das aulas. Ao chegar ao novo local que contemplava todo o andar de um prédio comercial na Avenida Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro, toquei a campainha e ao rapaz abrir a porta, a primeira imagem que vi foi a de uma gata tricolor sentada em cima da mesa, de costas para a entrada, como uma estátua, não movia nem a pontinha dos bigodes. Tanto que perguntei ao rapaz: “É de verdade?”.
Ao responder que sim, eu dei um suspiro e fui como aquela Pauline quando criança: corri na direção dela para dar aquele abraço apertado!
Porém, hoje, adulta, entendo que devemos respeitar as vontades deles e não agir impulsivamente os agarrando e os deixando estressados, correndo o risco de causar algum acidente para ambas as partes. Então, apertei o freio da ansiedade e a abordei como faço com todos os que encontro pela rua: aproximei o dorso da mão para ela cheirar e se sentir segura ou não com a minha presença. Se ela me desse bola eu ficaria ali, caso contrário, entenderia a vontade dela e seguiria para a aula – que, inclusive, já havia começado!
Mas ela correspondeu e, então, fiquei ali por alguns minutos acarinhando seu pescocinho, sentindo o geladinho do seu nariz, ouvindo aquele ronronar encantador e apreciando a carinha dela de olhinhos fechados curtindo aquele momento.
Maria Cecília, a gata, mora ali nas dependências da empresa, há uns 8 anos, desde que ela e sua irmã Maria Clara, que não gosta de aparecer, foram encontradas por uma das funcionárias, ainda filhotinhas e levadas para a empresa no intuito de alguém adota-las. O tempo foi passando e elas foram ficando. Hoje foram adotadas pela empresa toda.
O mais interessante é que se trata de uma empresa de tecnologia, cujo perfil dos profissionais da área é, normalmente, de pessoas racionais, tidas como pouco emotivas. No entanto, o que vi foi muito amor dado por todas as pessoas. No mural de fotos, lá estão elas miudinhas! Após às 17h, o sofá da recepção se transforma em caminha, com manta e tudo. Por vários locais vi potinhos com água e comida. Um encanto! Uma vida de princesas, elas levam. Quem dera todos os gatos tivessem metade do amor, carinho e respeito que Maria Cecília e Maria Clara têm.
O convívio com animais de estimação, sobretudo no trabalho, ajuda a humanizar as relações, diminuir a competitividade e o estresse, e leva mais descontração ao ambiente. Tanto que, na busca por maior produtividade dos funcionários, muitas empresas brasileiras já promovem o conhecido Pet Day, ideia proveniente do Canadá e da Inglaterra.
Experimentar vale a pena, mas, desde que as necessidades básicas dos animais sejam respeitadas e você tenha a certeza de que seu animal de estimação irá obedecê-lo em casos que houver a necessidade de uma intervenção sua.
Lembre-se: a responsabilidade por nossos animais de estimação será sempre nossa!
Um abraço e até a próxima!
Pauline Machado é jornalista e diretora do Canal de Estimação.