Seu cão lambe compulsivamente as patinhas? Saiba que este é um sintoma clássico de estresse. Os animais , assim como nós, reagem ao meio em que vivem, isto é, pela qualidade do sono, alimentação, meio ambiente e interação com outros.
Uma pesquisa realizada em 2013 pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo revelou que em 82% dos casos analisados, os animais que trabalham com crianças, idosos, dentre outros, apresentam um tipo de desconforto no desempenho dessas atividades.
Os sintomas observados levaram em conta 25 sinais de fadiga, além de testes de níveis hormonais nas salivas. Como consequência do estresse, muitos apresentaram doenças no trato digestivo, cânceres, sinais de ansiedade, perda de rendimento e de longevidade.
Dia a dia do seu pet
No dia a dia, sem desempenhar esses tipos de tarefas, os animais de estimação também são afetados pelo meio em que vivem, e pelo comportamento humano, tal como nós. Donos ansiosos produzem ansiedade e, consequentemente situações de estresse.
Pessoas agressivas, ambiente conturbado, com muito barulho, etc, também levam o animal ao estresse, assim como a qualidade do sono e alimentação, afirma Thalita de Carvalho Baptista, médica veterinária especializada em Cardiologia, Eletrocardiografia e Ecocardiografia.
“Locais com muita movimentação de pessoas, com barulho ou som muito alto, são fatores que fazem com que os animais fiquem estimulados o tempo todo. Animais que têm como costume receber petiscos também são mais agitados, pois esse hábito cria neles uma expectativa de receber a qualquer momento um alimento”, enfatiza a veterinária.
A presença de um segundo animal na família pode causar um bom resultado no combate ao estresse, se ambos forem jovens ou de meia idade, podendo brincar e reduzir a ansiedade ou expectativas. No entanto, Thalita não aconselha outro animal se a família possui um cão idoso e com sinais de estresse. “Se o animal estressado já é idoso e cheio de manias, trazer um filhote para a família pode ser mais estressante ainda”, orienta.
A empresária Astrid Marques, responsável por três cães, conta que um deles, o Zeca Baleiro, sempre competiu com os outros pela sua atenção e fica triste quando ela se ausenta. “O Zeca é muito ciumento e apegado a mim, disputando a atenção com Luce, a fêmea, e disputando Luce com Danger”, ilustra.
Devido ao fato dele ficar triste na sua ausência, Astrid passou a levá-lo, temporariamente, para o trabalho algumas vezes para que ele ficasse menos agitado. “Agora não levo mais, porque adotei uma cadela e um gatinho na minha empresa. Quando chego em casa ele passa uns quinze minutos saltando ou chorando até que se acalme”, mima. Ela afirma que, embora nunca tenha procurado terapia para ele, se empenha em não deixá-los sozinhos por muito tempo, mantendo sempre um brinquedo ou um ossinho para que se distraiam juntos enquanto ela está fora.
Segundo a veterinária, para que um animal seja equilibrado e feliz, ele precisa de atividades rotineiras como dormir, brincar, comer e até latir. O problema é que nem sempre essas atividades são dadas na medida certa, considera. “Para que o animal acalme, seu dono o acostuma com petiscos o tempo todo. Animais recompensados constantemente criam expectativa e ansiedade esperando a alimentação”, enfatiza.
Ela explica que, para não sair com o animal ou dar atenção a eles, muitos donos acabam criando esse hábito, que se torna nocivo. “Tudo deve ser feito de forma comedida e nada exagerado”, reforça a veterinária.
Sintomas de animais com estresse
Latem muito, uivam quando estão sozinhos;
Lambem as patinhas em frenesi;
Apresentam inquietação ou agressividade;
Correm atrás do rabo;
Apresentam respiração ofegante sem uma causa.
Dicas para reverter o quadro de estresse no animal
Passear ao ar livre, evitando horários quentes;
Socializar com outros animais e pessoas;
Manter o ambiente onde ele vive com pouco barulho e sem iluminação exagerada;
Oferecer alimentação equilibrada, dando os petiscos apenas para momentos em que se deseja premiá-lo;
Nunca oferecer petiscos para ele enquanto você estiver à mesa.
Fonte:Thalita de Carvalho Baptista, médica veterinária.
Reportagem de Alzira Aymoré, jornalista voluntária, colaboradora do Canal de Estimação.