Leishmaniose visceral canina: como prevenir?

Você já deve ter ouvido falar sobre leishmaniose visceral canina, mas você sabe os impactos que a doença pode causar para os cães e humanos? Neste mês, o debate sobre os avanços da doença e prevenção é estimulado pelo “Agosto Verde”, uma importante campanha de conscientização.

A leishmaniose é uma zoonose, ou seja, é uma enfermidade que afeta os animais e também os humanos. A transmissão ocorre por meio da picada do vetor Lutzomyia longipalpis, popularmente conhecido como mosquito palha. No ciclo urbano, os cães são os principais reservatórios da doença.

“Os cães contraem a doença por meio da picada de um mosquito palha infectado pelo protozoário da espécie Leishmania, sendo a espécie Leishmania infantum chagasi o agente etiológico causador de endemia no Brasil. O cão positivo para a doença serve de reservatório para o vetor, o que aumenta o risco de transmissão para os humanos e outros cães. É importante ressaltar que o animal não transmite a doença diretamente para o tutor”, explica a médica veterinária e gerente de produtos da Unidade de Pets da Ceva Saúde Animal, Priscila Brabec.

A doença age silenciosamente no organismo dos animais, por isso, mesmo infectados, os cães podem demorar anos para apresentar sinais clínicos. Entre os sinais mais comuns estão:  lesões de pele, emagrecimento, anemia, crescimento anormal das unhas, insuficiência renal e alterações oculares. Além das manifestações visíveis, a doença pode gerar uma série de complicações e dependendo da evolução do quadro clínico, levar o animal ao óbito.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), anualmente cerca de dois milhões de pessoas são infectadas no mundo. E dados do Ministério da Saúde, indicam que cerca de 90% dos casos da enfermidade em humanos, na América Latina, acontecem no Brasil e, os casos de transmissão de leishmaniose visceral canina no próprio local que o cão vive (autóctones) já foram identificados em 25 das 27 unidades federativas do Brasil.

Como não tem cura parasitológica, tanto para os cães, como para os humanos a prevenção é a maneira mais eficaz de conter os avanços da doença.  “Evitar que o vetor infecte os cães continua sendo a melhor forma de controle da leishmaniose, por isso, os animais precisam estar protegidos”, afirma Priscila.

A dupla defesa é o método indicado para a proteção dos cães. O conceito consiste no uso de duas medidas: vacinação e utilização de produto repelente. O objetivo é proteger o cão por fora (repelente) para evitar a picada do mosquito palha infectado e por dentro (vacina), caso o cão seja picado. A proteção dupla é citada como métodos preventivos da Leishmaniose Visceral Canina pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) e pela Associação Mundial de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA).

“A dupla defesa é uma ferramenta estratégica na prevenção da leishmaniose visceral canina, por fazer uma dupla barreira de proteção, diminuindo as chances de infecção do cão”, detalha Priscila.

Além das medidas protetivas para os cães é preciso investir em estratégias para mitigar o desenvolvimento do vetor. “O Lutzomyia longipalpis se reproduz em matéria orgânica, como restos de folhas e frutas no chão, fezes, entre outras. Por isso, não deixar acumular esse tipo de material e higienizar corretamente os ambientes é essencial para evitar a reprodução do vetor transmissor”, conta Priscila.

É importante ressaltar que a prevenção deve ser realizada, pois os cães podem correr o risco de se infectar ao morar ou mesmo viajar desprotegidos para áreas onde a doença é recorrente.

A leishmaniose visceral canina, além de um problema de saúde pública, traz impactos profundos para a qualidade de vida dos animais. Os cães afetados pela doença precisaram de cuidados ao longo da vida e de acompanhamento veterinário. Em casos graves, a patologia pode ocasionar a morte do animal. “Por isso, é tão importante debater e investir na proteção dos cães utilizando o conceito de dupla defesa”, finaliza Priscila.

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