Muito se fala sobre os benefícios da implantação de microchips em animais. De fato, a tecnologia parece ser uma boa aliada para encontrar animais perdidos, roubados ou extraviados. Mas, será que na prática os resultados são eficazes? Há logística suficiente em todos os processos para que na prática funcione? Basta implantar o chip, ainda que o Brasil não tenha estrutura para realizar o rastreamento dos animais?
Veja as considerações do veterinário clínico e cirurgião, Regis Patitucci, fundador da clínica veterinária Stetic Dogs, em entrevista exclusiva ao Canal de Estimação.
Por Pauline Machado
CANAL DE ESTIMAÇÃO – Em que ano o processo de implantação de microships em animais chegou ao Brasil?
REGIS PATITUCCI – O processo de implantação de microchips em animais foi iniciado no Brasil em meados de 2008, porém, sem um suporte de sites de cadastro para a localização em caso de perda ou sequestro. Anteriormente a esse período, existiam alguns chips, mas não seguiam as normas da União Europeia (pela normalização da quantidade de dígitos).
CE – Quem foi o pioneiro?
RP – O pioneiro foi a D4 Microchip.
CE – Por que devemos chipar um animal?
RP – O principal motivo para chipar um animal é possibilidade de identificação em caso de perda do pet, mas os microchips também servem para a identificação em caso de transporte, sequestro e ficha clínica, como atualização de vacinas on-line.
CE – Além disso, também podem ter a função do GPS, por exemplo?
RP – Os chips comercializados no Brasil para pets não incluem o serviço de GPS. Existem GPS para pets, mas são externos e, por isso, não são considerados chips. Para os animais o GPS é anexado nas coleiras.
CE – A partir de que idade o animal pode receber o chip? Animais idosos também podem recebê-lo sem o risco de algum problema de saúde?
RP – Os microchips não apresentam risco à saúde dos animais, por isso, podem ser implantados a partir de 42 dias de vida, sem riscos tanto para os filhotes, quanto para animais idosos. O chip não apresenta contraindicações.
CE – Como é feito o procedimento?
RP – O procedimento é bem simples. É como uma aplicação de injeção no dorso, porém, ao invés de inserir líquido, se aplica o chip. Não é necessário anestesia, apenas assepsia. O local de implantação é normalizado para cães e gatos na cernelha.
CE – Quais os cuidados com o animal depois de ser chipado? É preciso fazer algum tipo de acompanhamento?
RP – Não há cuidados específicos a serem tomados pós-implantação. Apenas devemos observar se, posteriormente, alguma ferida ou lesão ocorra no local da implantação. Nestes casos, é necessário consultar o veterinário e verificar a possibilidade de rejeição ou contaminação do chip no momento da aplicação.
CE – Que modelos que existem no mercado brasileiro? Existe alguma grande diferença entre eles?
RP – Hoje contamos com o BackHome e D4 Michochip, ambos são aceitos e normalizados por todos os países que tenho conhecimento.
CE – Qual o custo médio para o procedimento?
RP – O custo médio para o procedimento é de R$ 100 reais.
CE – Qual o perfil do público que procura chipar seu animal?
RP – Há procura, mas, por enquanto, a maioria procura somente quando quer viajar para países que obrigam o uso dos microchips em animais.
CE – No Brasil, já é possível rastrear um animal chipado? Como funciona o sistema?
RP – Muito pouco, pois, para rastrear é necessário que os veterinários adquiram a leitora de chips, que é considerada cara para o segmento – custa em torno de R$ 2 mil. Além disso, é necessário que os sites façam o link entre chips, animais e proprietários, para que as informações sejam difundidas.
CE – Se não há como rastrear, para que implantar o chip?
RP – Com o leitor de chip, um cão perdido pode ser identificado. O problema é que poucos veterinários possuem o leitor. Dessa forma, o serviço realmente fica muito restrito e pouco eficaz.
CE – Nos Estados Unidos, verificar se o animal tem ou não chip é algo comum, por aqui como os veterinários vêm o uso da tecnologia?
RP – Poucos usam, pelo alto custo do leitor necessário para a leitura do microchip. Também é um serviço não difundido na cultura brasileira tanto para o veterinário como para o proprietário. Realmente o serviço ainda não deslanchou por aqui pelos motivos citados acima.